segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A Águia de Haia ou a primeira vez que Europa se curvou diante do Brasil...

O Thiago, na foto do post abaixo, encobriu a entrada do Palácio de Binnenhof (acima, como era em 1907). Preste atenção nas colunas da fachada, uma delas vai aparecer na próxima foto.

A Segunda Conferência da Paz, realizada em Haia, 1907, foi um dos momentos culminantes da carreira de Rui Barbosa, baiano, bacharel em Direito, jornalista e o primeiro Ministro da Fazenda da República, proclamada em15 de novembro de 1989, por Deodoro da Fonseca. Designado embaixador extraordinário e plenipotenciário e delegado para representar o Brasil em Haia, deixou sua marca, firmando o dogma da igualdade jurídica das nações. Fortes ou fracos, ricos ou pobres, grandes ou pequenos, o que estava em jogo era a igualdade e a soberania.

A participação de Rui na Conferência foi decisiva na recusa da classificação as nações nos dois tribunais internacionais a serem criados. O então representante brasileiro pronunciou-se inúmeras vezes contra o projeto do tribunal de presas, que dividia os países de acordo com a tonelagem de suas marinhas mercantes, mostrando a injustiça que se cometia principalmente com as nações latino-americanas.

Rui Barbosa deixando o Palácio de Binnenhof, é o que está bem perto a coluna no hall de entrada

Com a adesão de muitos outros países, o princípio da igualdade foi vitorioso e a constituição do tribunal de arbitragem foi aprovada sem que a sua composição ficasse determinada. Foi uma vitória da habilidade de Rui Barbosa e da representação brasileira, mas não uma conquista permanente. Após as duas grandes guerras, o sistema internacional seria constituído a partir de instituições que consolidariam a hierarquização e a desigualdade entre as nações.

Comento

As informações e fotos foram retiradas do site Fundação Casa Rui Barbosa (Rio de Janeiro), onde o político morou, agora transformada em uma espécie de museu. O título Águia de Haia, ele ganhou não por sua notoriedade na Conferência, mas aqui mesmo antes de embarcar para a Europa com toda a família. O Barão de Rio Branco disse que enviaria duas águias (duas pessoas argutas e competentes) para bem representar o Brasil na Conferência. O outro escolhido foi Joaquim Nabuco, que acabou não indo.

22/07/1907 - Rui, a mulher, Maria Augusta, as filhas Maria Adélia e Maria Luísa Vitória e comitiva embarcam às 10h30min no navio Araguaia no cais Pharoux, no Rio de Janeiro, rumo à Haia via Cherbourg e Paris.

13/06/1907 - Chegada à Haia dois dias antes da abertura da Conferência, procedentes de Paris. Hospedam-se no Palace Hotel em Scheveningen, praia de banhos separada de Haia por opulenta floresta.

15/06/1907 - Solenenidade de abertura da 2ª Conferência da Paz, na grande sala dos cavaleiros no palácio Binnenhof, em Haia, sob a presidência do ministro dos Negócios Estrangeiros e dos Países Baixos, Van Gondriaan. Objetivo: " resolver amistosamente os litígios entre as nações e atenuar os efeitos da guerra sobre os combatentes e sobre aqueles que forem indiretamente afetados por ela. Rui Barbosa, assina a ata de adesão à Convenção de 29/07/1899 que propõe o concerto pacífico dos conflitos internacionais, resultado da Primeira Conferência, da qual o Brasil não participou por não ter sido convidado.

22/06/1907 - Na Conferência da Paz, as questões, objeto de estudo e debate, são distribuídas em quatro comissões, a saber: a 1ª, encarregada da arbitragem e das comissões internacionais de inquérito; a 2ª, das leis e costumes da guerra terrestre e início das hostilidades; a 3ª, do bombardeio por forças navais de portos, cidades e vilas, da colocação de minas e da condição dos navios beligerantes em portos neutros; a 4ª, da transformação dos navios mercantes em navios de guerra, da propriedade privada no mar, do contrabando de guerra, do bloqueio e da destruição das presas. Rui inscreve-se na 1ª e na 4ª comissões às quais comparece pontualmente. Trabalha das 5 horas da manhã até depois de meia-noite.

09/10/1907 - Bui Barbosa profere perante a Assembléia o seu último e mais impressionante discurso, defendendo o princípio da igualdade de todos os Estados soberanos, onde há algumas afirmações solenes que justificariam a frase de Brown-Scott: "Eis o novo mundo que se faz ouvir pelo velho". Foi a primeira vez, me parece que a Europa se curvou ao Brasil. Voltaria a se curvar novamente só em 1958, quando o Brasil ganhou a Copa do Mundo da Suécia, com Pelé e companhia?

A Conferência é concluída em outubro, e Rui e sua família retornam ao Brasil em dezembro (deu tempo para passear bastante), quando é recebido festivamente pela população e homenageado pelos políticos.
Vocês podem achar estranho este post, mas só agora depois de tanto tempo resolvi definitivamente na minha cabeça essa história de Águia de Haia e quis compartilhá-la

E por falar em mãe!!!

Bebel enfim mandou a foto que tirou de mim e da Bia, na véspera de voltar para Haia. Acompanhando a foto, este pouco extenso, mas intenso e-mail:

Oi mamães!
Foto das minhas mamães lindas. A morena e a branquinha.
Beijos saudosos,
Bebel

Realmente, minha filha é a cola amorosa que me une a amigos pra toda vida, além da Bia, Nélia, Cristiano Romero e Sérgio Leo, só pra citar alguns. É meu fio-terra. Colírio que desembaça a vista e deixa tudo mais nítido e colorido. As fotos abaixo foram tiradas no mesmo almoço, no Mormai do Brasília Shopping, mas com o meul celular:


Dindinha e afilhada

Sobremesa que, Graças a Deus, tivemos o juízo de comer a três

Fotos do almoco no Mormai
Quinta-feira,15/01/2009

Dona Lila (janeiro de 1919 - fevereiro de 2009)...Adeus!


Foi na sala da casa de Dona Lila, num domingo à noite, que o Pique, então com quatro anos, me disse:

- Clara sabe porque eu não tenho medo do escuro?
- Não, por que?
- Porque eu tenho pai.

Sempre me lembro disso. Nós mulheres construímos o que nossos filhos chamam de lar, feito de maciezas, doçuras, mornuras. Lar que nossas crianças só entendem completos se defendidos pela força que eles vêem no homem que temos e que, quando não temos mais, não os abandona. Pro menino, pra menina, o colo do pai é tudo, é o resumo do lar providenciado pela mãe. Aquele lugar que, conforme a hora, cheira a sabonete, cheira a temperos e roupas recém lavadas. O quintal de sombras, frutos e borboletas. No de Dona Lila, contaram-me, tinha uma goiabeira, tinha uma jabuticabeira. Tinha.

Na sala de Dona Lila tinha um tapete novo, batizado pelo vômito de um rapazinho travesso na sua primeira bebedeira.

Na cozinha de Dona Lila tinha uma mesa comprida, onde os gostos dos filhos eram sempre atendidos. Um deles só comia carne bem macia. Nada de carne de panela. Um gostava de mais caldo, outro de mais feijão. No jantar, Dona Lila preparava deliciosas sopas. Tive a sorte de provar várias delas. Já velhinha, insistia em fazê-las, mesmo apoiada numa bengala, me contaram.

Foram poucos encontros meus com Dona Lila. Mas todos de muita conversa. Nunca nos faltou assunto. Também poucas vezes nos falamos por telefone. Eu sempre me admirava da vitalidade que ela tinha na voz. Uma voz jovem dentro de um corpo bem fragilzinho.

Durante alguns Natais ela mandou de presente cinquenta reais para a Bebel, quando equivaliam a 50 dólares. No deste ano, mandou alguns panos de pratos que bordou. Afinal, Bebel já é dona-de-casa! Me contaram que foram dezenas os panos de prato que Dona Lila bordou no ano passado.

Dona Lila teve uma vida longa. Um companheiro de toda a vida. A filha mais velha tocava piano. A mais nova, uma flor de pessoa. E entre uma e outra, os meninos. Quando o marido era vivo tinha uma chácara. Na chácara tinha um campinho, onde flhos e netos ensaiavam um futebol. Foi lá que eu conheci um bebê chamado Samuel, gente grande hoje em dia.

Vida longa. Muitas alegrias e tristezas também, as próprias, as dos filhos, as dos netos e bisnetos. Dona Lila, de repente ficou muito fraquinha, me contaram. E, cercada de muita atenção e afeto se foi. Disse adeus para esse mundo. Viverá agora nos que ficam, enquanto por aqui estiverem. Saudades.

Ilustração: Dona Lila, desenho do Dinho, a partir de foto feita por ele.

A graça recebida....

Faltavam dois meses pra Bebel nascer e... eu como sempre sempre deixando tudo para última hora. Nada de enxoval, nada de ter arrumado bercinho. Não tinha planejado como me viraria quando ela chegasse, morando já nesta casa que hoje moro no Lago Sul, sem ainda ter coragem de dirigir, sem empregada e trabalhando muito.

Um dia estava quase beirando o desespero na casa da minha irmã Vera, ela já com três bebês e aquele aparato todo de empregada, babá, hora para isso, hora para aquilo.
- Que faço da minha vida, Vera? Se pelo menos nossa mãe estivesse viva pra nos ajudar!!!

Minha irmã me olhou bem séria e disse: - Ela não tá aqui, mas certamente tá sabendo das nossas aflições. Reze pra ela, acenda uma vela e peça-lhe uma graça, que envie alguém de confiança que te ajude a cuidar do bebê.

Eu com esse meu jeitinho de ser fui logo falando, aos quatro ventos, como se ela estivesse por ali mesmo:

- Mãe, por favor me mande uma graça, alguém que me ajude. Pelo amor de Deus!!!

Passaram-se alguns dias e recebo um telefonema. Era minha irmã. Você acaba de receber a graça pedida. Ela está aqui em casa, acabou de chegar do Piauí.

Fui para a casa da minha irmã cheia de apreensões, perguntando a mim mesmo se daria certo. E ela estava ali me esperando de mala e cuia: Maria das Graças Pereira Freitas , 27 anos, corpo roliço, bonitinha mas de pouca conversa e cara de poucos amigos.

Não tinha ninguém em Brasília, a não ser uma prima distante para a qual havia trabalhado alguns anos sem a devida remuneração. Não disse palavra até chegar em casa. Mas foi logo se ajeitando no quarto que lhe foi destinado. E de ajeito em ajeito continua conosco . Hoje tem casa em São Sebastião, uma filha de 17 anos, a Andressa, que adora matemática e que já namora. Era exatamente fevereiro de 1984 quando ela começou a fazer parte de nossas vidas e 25 anos são passados.
Graça com a filha Andressa

Faz sete anos que Bebel nem mora mais comigo. Só está por aqui nas férias. Mas a minha Graça chega em casa pontualmente às 7 horas. Quando acordo, o café está pronto, à mesa. Digo que não precisa chegar tão cedo, mas ela insiste. Também, lá pelo meio dia já está pegando o rumo da própria casa. É sempre um conforto acordar com ela abrindo a porta da frente, os cachorros latindo fazendo-lhe festa, e logo, logo, o cheirinho de café se esparramando até meu quarto.
Hoje, 02 de fevereiro, Graça faz 52 anos. Acho que ainda teremos uns bons anos juntas cuidando das nossas crianças, estando elas longe ou perto e também nos cuidando mutuamente. Afinal, estamos fazendo Bodas de Prata!!!
Parabéns, querida!!! Deus te abençoe!!!

02/02/2009

Dois artistas trabalhando e a blogueira registrando...


Pensam que aquelas fotos lindas do post abaixo saíram assim facilzinhas? Exigiram paciência do fotógrafo e da fotografada, o que os dois em termos de trabalho têm de sobra...
O importante não é mostrar apenas a instrumentista, mas também o instrumento. E no caso do fagote, que é lindo, a dificuldade de se fotografar aumenta pelo tamanho e formas.

O Davi queria aproveitar a luz natural e nesse dia a chuva deu uma trégua o que aumentou a beleza das fotos.


Por se tratar de instrumentos barrocos, Davi pensou em composições que desse o clima, como essa cadeira que comprei num brechó da Asa Norte.

Adorei essa minha foto!!!

Não consegui ajudar o Davi em nada. Na hora de segurar o rebatedor de luz tinha dificuldades de movimentos por causa do tombo que levei na ante-véspera do Ano Novo. Aproveitei para tirar uma soneca. Quando me levantei ainda deu tempo de fazer essas fotos.




Davi e Isabel conferindo os resultados.

Algumas fotos da Bebel feitas pelo talento do Davi...



Diga, diga, espelho meu, haverá mãe mais tiete do que eu?
Obrigada Davi! Este foi um dos mais lindos presentes que recebi na minha vida!!!

Vendo as fotos que o Davi tirou da Bebel para divulgação de concertos

Todo mundo virou fã do Davi Zocoli depois que viu as fotos que ele fez da Bebel. A tia Vera foi logo dizendo: - Também quero fotos das minhas meninas.
Davi avisa que não faz books. Apenas fez as fotos da Bebel porque são material de divulgação.

Davi disse pra tia Vera que as melhores fotos de família são feitas por seus integrantes porque podem não ter técnica, nem produção, mas registram momentos, emoções!!! Como as minhas, postadas neste Blog, feita de uma câmera de celular. Obrigada Davi. As duas primeiras fotos foram feitas por mim e a a terceira pela Marcinha.

11/01/2009