domingo, 15 de fevereiro de 2009

O dia mais feliz da minha vida!

Minha vida se divide entre antes e depois da minha filha Isabel nascer. Mas o nascimento dela não foi o dia mais feliz da minha vida. O primeiro dia mais feliz da minha vida foi o dia em que ela me reconheceu, que ela superou aquela fase de coisinha fofinha, amorfa, molenga e sonolenta que sequer me dava trabalho para ser a minha filhinha.

Bebês que só acordam pra mamar acabam deixando a mãe ansiosa. Afinal qual o problema dessa criança? Bebês são de ter dor disso e daquilo, fazer a gente acordar de noite. Com a Bebel era tudo tão previsível! Nunca precisei fazê-la dormir, ela já ia desmaiada para o berço. E assim passaram-se os dias, as semanas, o primeiro mês, o segundo mês, desde que chegamos em casa do hospital. Pra dizer a verdade, já estava achando aquela filhinha que só mamava e dormia bem chatinha.

Mas tudo iria mudar de repente... O segundo mês da presença dela neste mundo, havia virado, e num dia de semana qualquer, eu estava ainda de licença maternidade, que naquele tempo era de três, não de quatro meses, e assistia a sessão da tarde quando veio um barulhinho lá do quartinho dela. Um daqueles brinquedinhos que ficam no berço e faz ruídos quando tocados estava dando sinal... sinal de que alguém estava fazendo graças com ele.

Pensei estar imaginando coisas e continuei ali no sofá quieta. O barulhinho se repetiu, acompanhado de um som que poderia ser definido como uma suave risada. Levantei correndo e parei diante da porta do quarto e não era que meu bebezinho estava empurrando o brinquedinho? Empurrava, ouvia o barulhinho, dava risada e... quando o barulhinho acabava lá ia aquela mãozinha de nada empurrar o brinquedinho de novo.

Comecei a tremer dos pés a cabeça. Eu estava assistindo o milagre da criatura se enxergar separada do mundo que a cercava e se comunicar com ele. E aquela coisinha miúda tinha apenas três quilos porque nasceu pequeninina demais. Aos três meses tinha o tamanho de um recém nascido 'normal'. Tão pequenininha e tão espertinha a minha flor, a minha menina!!!

Já recuperada do susto, aproximei-me do bercinho e aí a maravilha das maravilhas aconteceu. O meu bebê, a criaturinha que nem chorar chorava, olhou pra mim, sorriu e fez um ahahahaahgrrgaaahhhahbbbbbbuaaaaaghhh! Foi a palavra mais linda que ouvi até hoje. Palavra não, foram frases completas: "Sou eu mamãe, a tua filhinha. Me pegue no colo agorinha, já!!!" Claro que a obedeci correndo e abracei a minha fofura com todas as forças que eu tinha. E lhe dei mil beijinhos e lhe comecei a contar uma história comprida que nunca se acaba, e lhe cantarolei todas as musiquinhas que eu sabia. Vinte e quatro anos se passaram desde então. Mas eu continuo abraçada a este momento lindo.

Foto tirada pelo Zé Romildo
Parque da Cidade
Brasília, 1984

Clara Favilla
25 de setembro de 2008

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