domingo, 15 de fevereiro de 2009

Bebê viajante 04 - Praga, novembro de 1985

Amanhã, quinta-feira, 04, o bebê da foto faz uma viagem de fim de ano para passar o Natal em família. O melhor dessa vez, é que fará dois concertos, em Brasília, (informações ao lado e no post anterior). Quando era assim pequenina, aí protegida pelo colinho do Zé Romildo, tinha exatamente um ano e sete meses. Me parece, agora, que seu destino de viajeira estava traçado.

Estamos aí, eu, Bebel e Zé, na Ponte Carlos, caminho até o castelo que se vê ao fundo, antigo lar dos reis da Bohemia, hoje residência presidencial. Nesse tempo, Praga era a capital da Checoslováquia e não apenas da República Checa.

A ponte Carlos sobre o rio Vltava (Moldávia) têm 516 metros de comprimento e dez de largura. Encontra-se apoiada em 16 arcos e é decorada, em ambos os lados, por 30 estátuas barrocas esculpidas entre 1683 e 1714. Entre as e mais notáveis está o Calvário, justamente a que nos faz cenário. Todas as esculturas são réplicas, as originais estão no Museu Nacional.

Novembro é o mês que se comemora, ou melhor, se comemorava a Revolução Russa. Pelo calendário lá deles, que não é gregoriano. Para nós, a Revolução de 1917 ocorreu em outubro.

A Perestroika (reconstrução, reestruturação, em russo) de Gorbachov estava em pauta. Mas em Praga, o clima era ainda bastante opressivo. O muro de Berlim ainda não havia caído, caíria quatro anos depois

Por determinação do Partido Comunista, as vitrines das lojas do centro da cidade estavam todas decoradas com motivos "revolucionários". Como nunca tínhamos visto aquilo, tiramos umas fotos e passamos a ser xingados pelos passantes. Haviámos esquecido que estávamos em um país militarmente ocupado por forças estrangeiras.

Um senhor mais velho, inclusive deu uma gurda-chuvada (de leve) no Zé Romildo em protesto. Estávamos, ingenuamente, fazendo provocações, ferindo orgulho nacional ferido. Praga ousou ensaiar uma primavera política antes da derrocada do regime soviético, mas as flores da liberdade foram massacradas pelos tanques do Pacto de Varsóvia.

Bebel de olhinhos inchados pelo frio e uma gripezinha. Haviámos chegado em Madri no final de setembro e passamos muito calor na Espanha, França e Itália. Na Grécia já fazia frio e depois foi só uma sucessão de mais frios ainda. Lembro-me que Rosinha Dalcin, uma de nossas companheiras de viagem, outra era minha prima Glória, estava gripadíssima.

Saiba mais:

A chave principal da Perestroika, que foi entendida como reforma econômica, era reduzir a quantidade de dinheiro gasto na defesa nacional, e para fazer isso Gorbachev propunha:

  • Desocupar o Afeganistão.
  • Negociar com os Estados Unidos a redução de armamento.
  • Não interferir noutros países comunistas.
Clara Favilla
03/12/2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário