domingo, 15 de fevereiro de 2009

De Barrow-in-Furness até Inverness já nas Highlands...

Logo depois de passarmos o Natal (1993) com Juan e Hillary, viajamos de trem até uma estação de esqui, já lá pelos lados de Inverness, Escócia, na região da primeira cadeia de montanhas anteparo dos ventos gelados do Pólo Norte. Essa viagem foi encantadora para a Bebel criança e para nós, Clara e Zé. Imaginem montanhas e montanhas branquísimas com tufos de pinheiros daqueles de Natal verdinhos e, correndo entre eles, bichinhos tipo bambis e esquilos.

Ficamos num hostal muito fofo, cheio de casais com crianças pequenas e ali passamos o Ano Novo. Havia umas pessoas bastante interativas que fizeram uma lista de todos que ali estivessem com instrumentoss e pudessem se apresentar num show improvisado. A Bebel, que estava com aquela flautinha Yamaha, de plástico, aceitou tocar. Havia muitos outros que tocavam flautas as mais diversas. Mas quando a Bebel tocou um chorinho todo mundo ficou pasmado e uma das mães presentes me disse: "Nossa, que música diferente! Quanta nota junta! "


Depois da apresentação, inventaram umas danças bem sem graça, mas como não queríamos parecer chatos, fingimos nos divertir. O bom desse Hostal é que ele tinha uma enorme cozinha comunitária, com vários fogões. E, na hora do rush, era um troca-troca de condimentos e mesmo de ingredientes, muito legal. Num ambiente assim de pessoas tão especiais até a mais fechada e tímida das criaturas se propõe a fazer parte do grupo. E todas as linguas são traduzidas para um inglês bem acessível. Cada família ou grupo tem uma prateleira demarcada para guardar o que vai preparar de almoço ou jantar. Quando se deixa o hostal, as sobras não são levadas. O costume é pregar bem visível um bilhete dizendo que quem quiser pode se servir à vontade do que ali foi deixado. Fofo, não?
Nos encontramos com montanhistas apaixonados que mesmo depois de sofrerem muitos acidentes provocados pelas temíveis avalanches, não desistem de caminhas congelantes anuais por trilhas que sobem e descem, com a temperatura sempre ameaçando cair de 10 a 20 graus no espaço de meia hora.

Visitamos a estação de esqui propriamente dita, distante do vilarejo lindinho que estávamos e a única coisa legal foi andar de teleférico até o topo da montanha, de onde se tem uma vista maravilhosa. Foi lá que o Zé cunhou uma de suas mais famosas frases: Lili!!! Vambó!!! (Lindo, lindo!!! Vamos embora!!!). Assim mesmo com as palavras cortadas ao meio para sairem mais depressa. A frase foi adotada pela família e quando alguém quer fazer tudo muito depressinha lá vem o coro: Lili!!! Vambó!! Como cearense que se preze, Zé é avesso ao frio. E se estava gelado ao pé da montanha, imagine no topo! Mas eu e Bebel fizemos questão de um chocolate quente para curtir mais um pouco a paisagem.

Estações de esquis são muito tristes, ao contrário do entorno sempre burbulhante. É uma atividade solitária. As pessoas não conversam, não interagem. Centenas ali transitando e o que se houve é o barulho metálico dos ganchos levandos os esquiadores pra cima. Para os não esquiadores, o teleférico é de cadeirinha. Na hora que descíamos eu e Bebel resolvemos cumprimentar todo mundo que subia. Devem ter nos achados umas malucas!!!

Nossa próxima parada seria Inverness(veja fotos acima), linda cidade. Sim, contornamos, de trem, o Lago Ness, aquele do monstro mais famoso do mundo. Se vimos o monstro? Claro que sim! Vocês tem alguma dúvida? Mas eles nos implorou, em lingua monstresa, que não tirássemos fotos porque ele não é tão feio e nem tão grande assim como dizem e quer manter a lenda. Claro que concordamos! Afinal, lenda é lenda!

Clara Favilla
26/09/2008

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