domingo, 15 de fevereiro de 2009

Diário do passado 1. Mais um longo e tenebroso inverno

17/03/2008

Escrevo na companhia de uma caneca de chá: limão, alho e pimenta. A pimenta é inovação recente. Aprendi com meu roomate alemão. Deve ser especialista na luta contra gripes, resfriados e afins. Chá de limão com alho foi um dos meus maiores inimigos na infância. Ao menor sinal de doença, ou sequer algum, meu pai categoricamente proclamava: chá de alho com limão, Isabel.

Pois esse mesmo supracitado converteu-se numas das maiores companhias dos últimos tempos, mais especificamente do último mês. Sim, ando doente há um mês. Por favor, sem críticas. Talvez não tenha me cuidado como deveria, sim, alguma vez. Mas em outros momentos fiz de tudo, fiquei em casa, me protegi do frio, tomei remédios, etc. Não andava comendo mal nem andando sem rumo na brisa refrescante holandesa, nada disso!

Tudo começou há exatos 1 mês e uma semana. Fui a Amsterdam com um amigo e voltei com dor de garganta. Já melhorei, piorei, tive conjuntivite, melhorei, dor de ouvido, tudo. Agora é só sair de casa que a dor de garganta volta.

Hoje uma amiga se surpreendeu por eu ainda estar doente. Eu disse que aprendi a conviver. Essa semana fiz tudo o que precisava fazer desse jeito. Já desisti. Quer ficar aí, que fique. Acho que se fosse paciente terminal já estaria desapegada da doença. Me deixaria ir? Nossa, como pensamentos 'ruins' (sim, entre aspas) vêm de repente!

Pelo menos agora acordei pro fato de que a Holanda é sim um passo além na dureza de se viver fora. Antes morava em Bruxelas. O tempo era basicamente o mesmo, mas sem esse vento que eu nem sei de onde vem! Isso sem falar nas outras coisas. Por hoje vou me contentar com uma conversinha amena sobre o tempo Holandês.

Água, muita água. Esse povo e quem quer que seja morador desse lugar tem que amar ou pelo menos aprender a conviver com ela. Vem de cima, está em baixo, se infiltra, estamos como um navio à deriva! Vento, muito vento. Não sei como será em outras cidades. Em Haia, ele, como o chá, será seu companheiro ou inimigo constante. Ainda tenho que decidir.

Em Bruxelas eu não pensaria em olhar a previsão do tempo antes de sair de casa. Não é pra ver a temperatura, veja bem, que essa a gente se acostuma a adivinhar. É pra ver a velocidade do vento. Essa semana ele chegou 'apenas', segundo um jornal, a 70 quilômetros por hora! Imagina, decretarem estado de alerta por um ventinho desse! Nem foram os 140 que estávamos esperando! Que exagero! Esse vento me impediu de ir ao centro. O tram não veio. Passou só na direção oposta à que eu ia.

Pra terminar mais bem humoradamente: meu roomate voltou hoje.
Quando ele chegou, eu estava na cozinha, ocupando quase todo o espaço possível com o notebook e mil ferramentas pra fazer palhetas. Boba como sou, já fui logo me desculpando, dizendo coisa do tipo: to ocupando tudo! Pode deixar que eu arrumo! Assim com aquele sorrisinho amarelo sem graça. Tolinha. Tudo que eu ganhei foi um atestado de tolice com a resposta: ué, tudo bem, é o seu direito!

Isabel Favilla
Domingo, 01 de junho de 2008

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